Mergulho no mar, são salgados os sabores
Nadando viajo no meio de tanto desalinho
Outros animais vão surgindo por entre as flores
Parado no espaço nada calmo um cavalo-marinho
Ao longe um polvo suavemente avança
No movimento dos seus mil braços
Uma colorida flor ora poisa ou dança
A falta de ruído faz vibrar os espaços
Uma suave respiração na leva areia que explode
Noto no meio dois olhinhos brilhantes parados
Tapados pela fina areia que me confunde
É o calmo sono que faz mover o fundo um linguado
Um "charrouco" interrompeu o seu ressonar
Detectou um caranguejo na vizinhança
Abre calmamente a sua enorme boca e sem mastigar
Sulca-o rápido para dentro da pança
Um estrondo fura o enorme espelho
Num segundo surge um bico de uma ágil gaivota
Como uma flecha voa no seu mergulho
Pescando um peixe no mar que a alimenta
Tudo é calmo tudo é paz e brilham tanto os corais
Numa eterna dança melancólica aprecio
Como é belo o convívio entre todos os animais
Na estranha harmonia tudo a bailar em silêncio
Mais longe quanto a nossa vista alcança
Vejo sombras reflectidas na branca areia
É a passagem da vaga de bonança
Quando esta em cima do mar calma passeia
Estranho mundo silencioso que nada finge
Aonde abrem-se sorrindo todas as coisas
Mal a agitação das ondas as atinge
Libertando o plâncton que suavemente em tudo poisa
Tudo é belo tudo é calmo tudo poisa
Minha leveza é grande enquanto penso
Que por mais bela que seja cada coisa
Tem sempre um monstro em si suspenso
Poema da autoria de Victor Manuel Guerreiro