sexta-feira, 26 de abril de 2013

Minha intervenção no 25 Abril, na sessão solene em VRSA


Como representante do PSD – nesta cerimónia, é com muita honra que vos saúdo, neste dia tão marcante para todos nós.
De 25 De Abril de 74 a 25 de Abril de 2013,
São 39 anos que se cumprem.
São várias gerações envolvidas.
É um tempo largo, no qual já se viveram muitas alegrias e tristezas.
É um tempo largo, onde houve alguns tempos de reconciliação, mas também - muitos de desunião.
Muitos momentos bons – sim.
Mas também – maus.
Com épocas de muito queixume, de pouca cidadania, muito individualismo e sem consideração pelos outros – tudo muito escondido debaixo de grandes “bandeiras” e orientado por azimutes, que apontam a falsos paraísos e idílicas paragens…
Actualmente - há gente indignada, mas também - muitos excluídos, dessa indignação – que são mesmo excluídos, pelo facto de terem outra forma de pensar…
Hoje - vivemos um tempo, em que se canta ou não se canta - o "Grândola, Vila Morena". 

Em que se usa ou não se usa o “Cravo Vermelho”.
Parece mesmo, que quem não canta e não usa cravo:
- É mau cidadão, não é um verdadeiro português e quer o mal de todos...
Isto só por si - tem um forte motivo de injustiça.
Eu, que sou dos que não cantam, pergunto aos “cantores” – se têm noção, do que estão a fazer…?
- Até parece, que a bondade está com os “cantores” e a malvadez nos outros...
E tenho que dizer que há símbolos… que são “propriedade indevida” de uns quantos.
- Porquê?
Alguém, algum dia - a isto responderá...
Há figuras - e até mais, que figuras - diria mesmo - figurões, que deveriam ter - por obrigação e conduta, uma atitude mais pedagógica e compreensiva.
Assim não o fazem e pelo contrário - têm prazer em ”incendiar”, a situação, incentivando ódios entre todos…
Mas, não me excluam, nem a mim, nem aos que pensam como eu, pois nem sou menos português, nem defendo menos o 25 de Abril.
Muitos dos componentes - do "dito - bom povo português”, com toda a facilidade, falam dos outros...
Dificilmente - falam de si próprios, dos seus defeitos...
Em geral - atiram a pedra e rapidamente escondem a mão...
Sou de um tempo, em que assumir que não era de esquerda, era um verdadeiro acto de coragem.
 – Vila Real de Santo António - é paradigma desta constatação.
Sou de um tempo, em que ter gostos culturais, parecia um exclusivo da esquerda.
Sou de um tempo, em que quem era inteligente e detentor da razão, era de esquerda – os outros, não entendiam, a “evolução” da sociedade (ou algo assim parecido) …
Sou de um tempo, em que quem tinha preocupações sociais, era de esquerda.

Esse tempo, para mim e para muitos, foi um tempo de tremenda incompreensão.
Esse tempo - foi de tremenda injustiça, para muita gente - onde me incluo.
Esse tempo, com o passar do tempo modificou-se, digamos que houve mais tolerância e compreensão – imperou a democracia.

Felizmente com a realidade que temos - com o nosso executivo municipal, desmentem-se todos estes dogmas.
Deixo aqui um forte agradecimento à acção de Luís Gomes e à sua equipa, pela forma como enfrentam e como tratam os problemas sociais da nossa terra e outros - com uma verdadeira política social, que dá resposta aos mais carenciados e á população em geral.
 O Estado Social - existe mesmo, em VRSA e desmistifica argumentos.

Temos que contrariar, os que querem a volta do velho tempo, em momentos recentes e outros que virão...
A Democracia, o direito à diferença assim o exigem.
Julgo - ser fundamental, afastar as ondas de choque que correm na sociedade portuguesa, nesta ocasião o diálogo é crucial.
Seria bom, que todos fizessem um pouco de introspecção, antes de começarem a verter “certezas”.
Que se pense - não no que pedir, mas sim no que se pode dar, os tempos ainda que doam a todos, são de sacrifícios e temos que deixar de apontar culpados - temos que olhar em frente e não para trás.
Deixo um apelo - o momento que vivemos, deverá ser de verdadeira união, chega de situações estanque, de divisões, de opiniões extremas, só juntos conseguiremos sair das dificuldades por que passamos e só assim concretizaremos horizontes diferentes dos actuais.
De que serve reclamar de direitos, para os quais sei, que não há condições objectivas - para os concretizar.
Criemos antes a riqueza, que nos permita sermos mais nós e menos o que outros querem.

Ganhemos a confiança necessária – neste mundo globalizado, para provarmos, que os Portugueses são capazes.
Lutemos pois, por um Portugal diferente, Democrático e onde todos, mas todos, tenham lugar - que nos sirva de lição os 39 anos de DEMOCRACIA.
Deixo-vos um poema, que tem a ver com a nossa terra, com o nosso Rio e com os horizontes de esperança pelo que tanto ansiamos:

Sou de água
Barrenta,
Para os tempos, que correm.

Sou de água
Límpida e azul,
Para os tempos, que espero.

Sou de água
Porque nada tenho,
Mas transporto…

Sou de água
Porque o que tenho,
É sal…

Sou de água
Porque mantenho
A minha liberdade

Sou de água
Porque quero mudar
O que está mal…

Viva o 25 de Abril – que restaurou a Democracia.
Viva VRSA
Viva PORTUGAL




António Cabrita
25 de Abril de 2013
CCAntº Aleixo
VRSA