quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Os portugueses têm valor?







A necessidade de nós valorizarmos – a nós próprios, é algo que nos faz muita falta. A nossa auto-estima, não pode ter tantas intermitências e não tem que estar ao sabor de meros resultados desportivos e ocasionais.
Os tempos que se vivem, levam-nos a descrer de tudo e por essa via, acabamos por não acreditar nas nossas capacidades.
Devemos olhar menos para – espanhóis, franceses, alemães e afins e mais para nós, para as nossas realidades – assumindo que os fracassos também fazem parte das nossas vidas, o medo a perder tem que ser combatido – a derrota, é algo que é normal e só assim se compreendem melhor as vitórias.
É importante aportarmos contributos para os problemas, contrariando a tendência para esperarmos que alguém faça por nós. Porque não trocarmos a expressão - “o que devo fazer?”, por um genuíno – “vou fazer assim”.
Nós temos e devemos - de uma vez por todas, que optar pelo “decidir fazer”.
Mas analisemos, a vertente das correntes que geram e formam opinião. São eles os comentadores, os políticos, os jornalistas – os “líderes de opinião”.
Este grupo social tem muita culpa, no pessimismo generalizado que impera.
O que nos valem as leituras e análises de números e casos – onde se ressalvam situações, nas quais impreterivelmente, o nosso país fica sempre no fim.
Temos que ser mais optimistas, menos “bota abaixo” e sobretudo mais simples e esclarecedores e esclarecidos nas opiniões que se emitem.
Julgo que as crises que vivemos - seriam melhor compreendidas, se todos aqueles que as explicam, não o fizessem em função de interesses específicos, mas sim do interesse geral.
Os políticos são na sua maioria – gente de bem, pessoas que dão o seu melhor em prol do bem comum e das ideias que defendem. Há uma tendência para “meter tudo no mesmo saco”, o que é errado.
Importante sim é que se denuncie o prevaricador e a justiça seja célere no castigo.
Quem nos governa (independentemente do partido) – fá-lo com boas intenções e não será por eles, que não se conseguirá melhorar. Não é nada bom o descrédito da classe política, pois o mesmo só contribui para elevar o nível de pessimismo.
Mas passemos, para outro nível da análise, o dos “tostões” ou dos “cêntimos” e uma coisa é evidente, em Portugal gastamos acima das nossas possibilidades, gastamos mais do que aquilo que temos ou produzimos.
A partir deste ponto entram todas as teorias e os interesses individuais e lá vai a nossa auto-estima ao “trambolhão”… e cá está “o pobre do português que não vale nada e o estrangeiro que é muito bom”…
A esquerda insiste na taxação dos ricos – “que paguem a crise” e, claro quem conhece e sabe, até pergunta:
- Onde estão esses grandes capitais?
A direita bate na tecla - já batida do despesismo do estado, mas depois lá vem no apoio aos “pobrezinhos”.
Pelo meio existem uns quantos – classe média, que vão “entrando e entrando”, com dinheiro, com paciência e que são os que ainda têm esperança num Portugal melhor.
Parece-me que tudo seria mais fácil se fossemos mais racionais nos gastos – todos, desde o mais pequeno ao maior, passando pelo Estado e por cima de tudo que soubéssemos ser solidários, nunca esquecendo que o bem público é um património de todos e que tem que ser bem gerido e respeitado.
Uma forte educação para a cidadania, é crucial – sabermos aceitar sacrifícios, sabermos partilhar dificuldades, nunca perdermos a esperança e darmos todos os contributos possíveis.
A nossa auto estima tem pois que ser revigorada, temos que acreditar que no nosso país é possível, temos que ser bons cá e onde for preciso.
Quando nos apreciamos a nós próprios e nos consideramos capazes para tudo, deveríamos de imediato sair de casa e fazer isso publicamente - para que nos ouvissem, sem timidez – atitude fundamental.
Eu acredito no meu país e nas suas gentes.
E se me perguntam se os portugueses têm valor, eu respondo:
- Têm, sim senhor.

António Cabrita
VRSA, 5/8/2010